quinta-feira, 24 de maio de 2012


Os meios de comunicação e a Administração Pública da cidade de São Paulo

Os meios de comunicação têm uma responsabilidade social que transcende a simples defesa da democracia. Quando um Governante “mete os pés pelas mãos” é dever da mídia apontar as falhas, relatar as distorções, ‘botar o dedo na ferida’. Afinal de contas o dinheiro público não aparece como por encanto; é o dinheiro que vem dos pobres e vem dos ricos; é o dinheiro que é retirado das famílias e das empresas, visando ao bem comum. Há que haver zelo com a coisa pública e a mídia merece nosso respeito quando se mostra proativa, se manifesta contra desmandos do poder público; porém, torna-se conivente quando se omite.
O que temos visto, ultimamente, é certa omissão com relação a atitudes do governo da cidade de São Paulo. A Capital tem aquele que é tido por muitos como um dos piores prefeitos da cidade; no nível de Celso Pitta e de Jânio Quadros. As mídias impressas e televisivas parecem não demonstrar, para com a administração municipal de São Paulo, a mesma disposição que exibe ao apurar os desvios de conduta na esfera federal.
Tivesse o Brasil um sistema de recall político, como existe nos Estados Unidos, o atual Prefeito de São Paulo já teria sido afastado há muito tempo.Enquanto ele deu a si mesmo nota dez pela atuação à frente da Prefeitura (Sabatina UOL Folha), e nota dez à frustrada implosão do edifício do Moinho, uma pesquisa de opinião realizada entre os dias 5 e 7/05/2012 revelou que o índice de aprovação (ótimo e bom) de sua administração era de pífios 22%, enquanto a taxa de reprovação (ruim ou péssimo) de 39.%. E isso, após a veiculação de uma longa série de propagandas pagas com dinheiro público.
Os meios de comunicação, no entanto, parecem anestesiados, mantendo-se quase indiferentes aos descalabros que ocorrem nesta cidade caótica. A mais influente revista semanal do País parece ignorar qualquer má notícia a respeito do Prefeito. Ela simplesmente parece ‘não ver’, ‘não ouvir’ e ‘não falar’ sobre os desmandos do governante paulistano. E é inútil procurar nas edições dessa revista, da época do escândalo, qualquer dado sobre o “Caso Controlar”, por exemplo, talvez um dos mais graves problemas envolvendo o atual governante, mas não o único.
Raciocinemos sobre alguns fatos que mereceriam os holofotes da mídia:
1) O Programa de Metas do atual Prefeito possuía 223 itens, mas “quem tem 223 metas não tem meta alguma”, como afirmou tão propriamente José Luiz Portella (Folha.com - 29/07/2011). Esse Programa tem sido revisado constantemente. Para baixo, é claro!
2) As estações de chuvas se sucedem e as mortes por inundações, também, sem que nada de efetivo seja feito para que sejam corrigidas as causas. Prova disso é ter-se deixado de aplicar mais de R$750 milhões da verba destinada ao combate às enchentes nos últimos quatro anos;
3) O Executivo Municipal cita sempre a intenção de transferir R$ 2 bilhões ao governo do Estado para obras do Metrô, ao propalar que prioriza o transporte público. As ações do Prefeito, no entanto, indicam o contrário. Ou será que construir um túnel de R$2 bilhões (Roberto Marinho/Imigrantes) que se destina a veículos particulares, ao mesmo tempo em que relega a terceiro plano a construção dos prometidos 9 terminais de ônibus e 66 km de corredores exclusivos é priorizar o transporte público?
4) O que dizer de metas ambiciosas como a construção de três hospitais públicos,duzentos clubes-escola, cinquenta clínicas odontológicas, fim das filas em creches... Coisas que, sabemos bem, nunca saem do papel?
5) Pode, um governo municipal ceder a uma igreja um pedaço da via pública (R. Bruges, Sto. Amaro) para que nele seja construído um templo? Ou doar, “por gratidão”, a um ex Presidente da República, um terreno gigantesco na região da Luz? Isso, popularmente, é chamado de “gentileza com chapéu alheio”. Ele que use dinheiro do próprio bolso para presentear ‘aliados de última hora’. Rua é bem público; não é para doação, a particulares, por administradores ‘bonzinhos’!
6) E será que vender um quarteirão inteiro (Itaim Bibi) para a especulação imobiliária é o que o Povo de São Paulo quer?
7) Merece crédito o governante que mostra toda sua arrogância e prepotência ao ordenar o fechamento de um shopping Center e de um hipermercado por esses não terem providenciado a extração do gás do subsolo, quando ele próprio, governante, deixou de tomar a mesma providência com relação a um conjunto habitacional construído pela Prefeitura? Ou será que a intenção era só ganhar visibilidade em rede nacional? Esse expediente já fora usado antes, ao chamar um micro empresário de ‘Vagabundo!’, quando da implantação da “Lei Cidade Limpa”!
8) Em duas ações distintas, dois juízes da Capital determinaram a suspensão da licitação relativa à coleta de lixo, no valor de R$2,5 bilhões. O motivo? Foram colocadas tantas exigências, que as empresas que satisfaziam o edital ficaram restritas a apenas duas! Excesso de zelo ou direcionamento da concorrência?!!! A justiça deve saber a resposta. Mas adiantou suspender? Que nada. O Prefeito assinou os contratos assim mesmo, desobedecendo à ordem judicial.
9) O que dizer da fraca e cara publicidade paga com o dinheiro público para divulgar as “grandes realizações” do Prefeito, tais como: ‘Iluminação de Natal... Antes não tinha; agora tem!’. Tenha dó!! O povo trabalhador de São Paulo merece um governante melhor que ‘esse’ que aí está.
10) E, no escândalo da vez, o Diretor do APROV, o Departamento responsável pela aprovação de médias e grandes construções e reformas na Capital, teria adquirido 105 imóveis nos últimos sete anos. Seu patrimônio, hoje avaliado em cerca de R$ 50 milhões, é totalmente incompatível com o salário de R$ 9.000,00 que percebia no exercício do cargo. Esse senhor teria sido nomeado a partir de uma indicação do atual Prefeito, quando o titular desse posto ainda era o senhor José Serra.
Por que a mídia diz tão pouco com relação a tudo isso, se o que a nefanda e omissa Administração Municipal tem demonstrado priorizar mesmo, até agora, é a realização de obras faraônicas, de serventia muito duvidosa e túneis exorbitantes que só irão beneficiar veículos particulares?
E o chefe desse Executivo desinteressado pelos problemas reais da cidade ainda quer se tornar governador do Estado! Se no plano local já houve, há e por certo ainda haverá muita decisão ‘esquisita’ por parte desse Prefeito, imaginem o que irá ocorrer se essa pessoa atingir o seu objetivo de governar nosso Estado. Deus nos livre! Ninguém merece!  


  
 Autor Anônimo

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