Os meios de comunicação
e a Administração Pública da cidade de São Paulo
Os meios de comunicação
têm uma responsabilidade social que transcende a simples defesa da
democracia. Quando um Governante “mete os pés pelas mãos” é
dever da mídia apontar as falhas, relatar as distorções, ‘botar
o dedo na ferida’. Afinal de contas o dinheiro público não
aparece como por encanto; é o dinheiro que vem dos pobres e vem dos
ricos; é o dinheiro que é retirado das famílias e das empresas,
visando ao bem comum. Há que haver zelo com a coisa pública e a
mídia merece nosso respeito quando se mostra proativa, se manifesta
contra desmandos do poder público; porém, torna-se conivente quando
se omite.
O que temos visto,
ultimamente, é certa omissão com relação a atitudes do governo da
cidade de São Paulo. A Capital tem aquele que é tido por muitos
como um dos piores prefeitos da cidade; no nível de Celso Pitta e de
Jânio Quadros. As mídias impressas e televisivas parecem não
demonstrar, para com a administração municipal de São Paulo, a
mesma disposição que exibe ao apurar os desvios de conduta na
esfera federal.
Tivesse o Brasil um
sistema de recall político, como existe nos Estados Unidos, o atual
Prefeito de São Paulo já teria sido afastado há muito
tempo.Enquanto ele deu a si mesmo nota dez pela atuação à frente
da Prefeitura (Sabatina UOL Folha), e nota dez à frustrada
implosão do edifício do Moinho, uma pesquisa de opinião realizada
entre os dias 5 e 7/05/2012 revelou que o índice de aprovação
(ótimo e bom) de sua administração era de pífios 22%, enquanto a
taxa de reprovação (ruim ou péssimo) de 39.%. E isso, após a
veiculação de uma longa série de propagandas pagas com dinheiro
público.
Os meios de
comunicação, no entanto, parecem anestesiados, mantendo-se quase
indiferentes aos descalabros que ocorrem nesta cidade caótica. A
mais influente revista semanal do País parece ignorar qualquer má
notícia a respeito do Prefeito. Ela simplesmente parece ‘não
ver’, ‘não ouvir’ e ‘não falar’ sobre os desmandos do
governante paulistano. E é inútil procurar nas edições dessa
revista, da época do escândalo, qualquer dado sobre o “Caso
Controlar”, por exemplo, talvez um dos mais graves problemas
envolvendo o atual governante, mas não o único.
Raciocinemos sobre
alguns fatos que mereceriam os holofotes da mídia:
1) O Programa de Metas
do atual Prefeito possuía 223 itens, mas “quem tem 223 metas não
tem meta alguma”, como afirmou tão propriamente José Luiz
Portella (Folha.com - 29/07/2011). Esse Programa tem sido revisado
constantemente. Para baixo, é claro!
2) As estações de
chuvas se sucedem e as mortes por inundações, também, sem que nada
de efetivo seja feito para que sejam corrigidas as causas. Prova
disso é ter-se deixado de aplicar mais de R$750 milhões da verba
destinada ao combate às enchentes nos últimos quatro anos;
3) O Executivo
Municipal cita sempre a intenção de transferir R$ 2 bilhões ao
governo do Estado para obras do Metrô, ao propalar que prioriza o
transporte público. As ações do Prefeito, no entanto, indicam o
contrário. Ou será que construir um túnel de R$2 bilhões (Roberto
Marinho/Imigrantes) que se destina a veículos particulares, ao mesmo
tempo em que relega a terceiro plano a construção dos prometidos 9
terminais de ônibus e 66 km de corredores exclusivos é priorizar o
transporte público?
4) O que dizer de metas
ambiciosas como a construção de três hospitais públicos,duzentos
clubes-escola, cinquenta clínicas odontológicas, fim das filas em
creches... Coisas que, sabemos bem, nunca saem do papel?
5) Pode, um governo
municipal ceder a uma igreja um pedaço da via pública (R. Bruges,
Sto. Amaro) para que nele seja construído um templo? Ou doar, “por
gratidão”, a um ex Presidente da República, um terreno gigantesco
na região da Luz? Isso, popularmente, é chamado de “gentileza com
chapéu alheio”. Ele que use dinheiro do próprio bolso para
presentear ‘aliados de última hora’. Rua é bem público; não é
para doação, a particulares, por administradores ‘bonzinhos’!
6) E será que vender
um quarteirão inteiro (Itaim Bibi) para a especulação imobiliária
é o que o Povo de São Paulo quer?
7) Merece crédito o
governante que mostra toda sua arrogância e prepotência ao ordenar
o fechamento de um shopping Center e de um hipermercado por esses não
terem providenciado a extração do gás do subsolo, quando ele
próprio, governante, deixou de tomar a mesma providência com
relação a um conjunto habitacional construído pela Prefeitura? Ou
será que a intenção era só ganhar visibilidade em rede nacional?
Esse expediente já fora usado antes, ao chamar um micro empresário
de ‘Vagabundo!’, quando da implantação da “Lei Cidade Limpa”!
8) Em duas ações
distintas, dois juízes da Capital determinaram a suspensão da
licitação relativa à coleta de lixo, no valor de R$2,5 bilhões. O
motivo? Foram colocadas tantas exigências, que as empresas que
satisfaziam o edital ficaram restritas a apenas duas! Excesso de zelo
ou direcionamento da concorrência?!!! A justiça deve saber a
resposta. Mas adiantou suspender? Que nada. O Prefeito assinou os
contratos assim mesmo, desobedecendo à ordem judicial.
9) O que dizer da fraca
e cara publicidade paga com o dinheiro público para divulgar as
“grandes realizações” do Prefeito, tais como: ‘Iluminação
de Natal... Antes não tinha; agora tem!’. Tenha dó!! O povo
trabalhador de São Paulo merece um governante melhor que ‘esse’
que aí está.
10) E, no escândalo da
vez, o Diretor do APROV, o Departamento responsável pela aprovação
de médias e grandes construções e reformas na Capital, teria
adquirido 105 imóveis nos últimos sete anos. Seu patrimônio, hoje
avaliado em cerca de R$ 50 milhões, é totalmente incompatível com
o salário de R$ 9.000,00 que percebia no exercício do cargo. Esse
senhor teria sido nomeado a partir de uma indicação do atual
Prefeito, quando o titular desse posto ainda era o senhor José
Serra.
Por que a mídia diz
tão pouco com relação a tudo isso, se o que a nefanda e omissa
Administração Municipal tem demonstrado priorizar mesmo, até
agora, é a realização de obras faraônicas, de serventia muito
duvidosa e túneis exorbitantes que só irão beneficiar veículos
particulares?
E o chefe desse
Executivo desinteressado pelos problemas reais da cidade ainda quer
se tornar governador do Estado! Se no plano local já houve, há e
por certo ainda haverá muita decisão ‘esquisita’ por parte
desse Prefeito, imaginem o que irá ocorrer se essa pessoa atingir o
seu objetivo de governar nosso Estado. Deus nos livre! Ninguém
merece!
Autor Anônimo